Não é uma lâmpada. É uma “lâmpada”.
Em 1964 a crítica e ensaísta estadunidense Susan Sontag publicou o texto “Notes on Camp” (“Notas sobre o Camp”) — um verdadeiro clássico instantâneo sobre um assunto que a própria autora ajudou a definir e, em certo sentido, a inaugurar, ainda que se trate de algo que esteja entre nós há muito tempo. Para a autora, o camp é uma sensibilidade associada a uma espécie de exuberância e indiscrição exagerada, próxima do cafona e do kitsch, ainda que distinta. Para além disso, no entanto, o texto apresenta um subtexto político e estético bastante complexo e relevante: ao falar dessa sensibilidade particular, Sontag questiona a hegemonia estética heteronormativa vigente em seu país naquele início de anos 1960. Nesse programa discutimos o camp e suas implicações em nosso mundo.
Participantes
Arthur Francisco conduz a conversa com Angelo Régis, Diego Brentegani, Gabriel Fernandes e Natália Gaspar. A edição é de Arthur Francisco e a fala final é de Natália Gaspar.
Complementos
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- O ensaio “Notas sobre o camp” de Susan Sontag foi publicado pela primeira vez em 1964 na revista Partisan Review. Uma versão em inglês está disponível aqui — e uma tradução para o português encontra-se aqui.
- Também comentamos sobre o outro famoso ensaio de Sontag: “Contra a interpretação.” Uma versão em inglês deste artigo está disponível aqui.
- Em 2019 o camp foi objeto de uma exposição no sóbrio e sisudo Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque. No mesmo ano o tradicional e disputadíssimo evento de gala do museu também adotou o camp como tema. Mais sobre o assunto aqui.
- Mais sobre Oscar Wilde aqui.
- Podcasts sobre o camp: Grizzly Kiki e Radio Xaddy (ambos em inglês).
- Ilustrações de Alfons Mucha.
- Pink Flamingos, filme de 1972, é considerado por muitos a obra camp quintessencial.
- Impossível falar de camp sem lembrar da série Batman de 1966 — assim como de sua variação mais célebre, a memética Bátima — Feira da fruta. Muito de uma abordagem camp sobre o personagem Batman também aparece nos filmes dirigidos por Tim Burton na virada dos anos 1980 e 90. Ainda sobre o assunto vale assistir aos excelentes vídeos do canal Entreplanos (“Que saudades de um Batman mais brega!”) e do professor Alexandre Linck no canal Quadrinhos na Sarjeta (“A psicologia [estranha] do Batman”).
- Veja a cena “Betty is a great magician” em Kung Pow e os clássicos Tela Class de Hermes & Renato.
- Arquicast #165 sobre Ruy Ohtake.
Trilha sonora
Na introdução do episódio ouvimos áudio do programa Saturday Night Live de 9 de fevereiro de 2020, com a maravilhosa Rupaul. Ouvimos também áudios da música Born Naked, de Rupaul, em sua versão original e em sua versão instrumental feita por Tom Sibren; e áudio da música Feira da Fruta, de Odair Cabeça e Grupo Capote.
Confira em nossa playlist no Spotify todas as músicas já tocadas no Fora de prumo.
#foradeprumoacessível
Num fundo magenta encontra-se uma estatueta do personagem Batman em sua versão surfista — como retratado na série televisiva dos anos 1960. No canto inferior esquerdo encontra-se a inscrição “F! #27”.
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